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“O importante é aquilo que se põe no estilo que se está a fazer”, defende Luso

“O importante é aquilo que se põe no estilo que se está a fazer”, defende Luso
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Andrade Lino

O rapper angolano Luso declarou em Luanda que “o importante é aquilo que se põe no estilo que se está a fazer”, e melhor quando feito com alma, tendo defendido ainda que, se há entrega e se sabe que é uma mais-valia para quem vai ouvir, “no final do dia é o mais importante”.

O artista fez essa afirmação durante o mais recente show de Mono Stereo, no âmbito da turné de apresentação do álbum “Underground Vive”, quando falava do facto de trazer nos seus trabalhos trap, para além de boombap, ambos estilos de produção musical de Rap, mas uma “investida” que não tem sido bem recebida pelos mais conservadores, pelo facto de o trap ser comumente taxado de acarretar conteúdos de consumo imediato.

“Do meu ponto de vista, a jornada está a ser bem entregue e bem recebida por algumas pessoas, pelas mais conservadas nem tanto, porque ainda acham que independentemente da mensagem, a voz não pode estar num instrumental que não seja boombap”, partilhou Luso, refrescando que, no cômputo geral, “consegue-se sentir a aceitação da maior parte das pessoas”, e pensa que no fim do dia o mais importante é isso, “a mensagem estar lá e as pessoas perceberem”.

Para ele, se há uma mensagem para se passar, independentemente de se estar num ambiente “um bocadinho mais dançante ou triste, desde que chegue e toque no coração, é o mais importante, desde que seja Rap e tenha aquela tendência de emancipação e algum cariz intelectual”.

O também compositor, falando ao ONgoma News, questionado sobre que opinião tem dos rappers hoje cada vez menos preocupados com “algum rigor” nas músicas, explicou que antes de ser rapper era ouvinte, e como ouvinte é muito selectivo. “Mas não posso ditar aquilo que vai ser feito pelos outros. Posso seleccionar o que quero ouvir, dizer que é boa música ou má, mas não posso direccionar quem o vai fazer”, observou, embora defenda ser importante, “quando entramos para uma cultura como o Hip-Hop, e mais especificamente o Rap”, ler um bocadinho sobre como começou e como se fazia no princípio, “e felizmente com a internet, hoje em dia todo mundo tem um home studio, qualquer pessoa pode fazer Rap”.

Ainda assim, asseverou a fonte, faz todo sentido continuar a fazer a coisa do jeito que faz, “que ainda acarreta alguma essência”, mas não critica quem faça de forma diferente. “Desde que ele sinta que gosta daquela música, e pode até não se considerar membro da cultura ou ser aceite por quem está por ela, tudo bem, cada um faz a sua cena”, comentou.

Apesar de ter vivido vários anos em Portugal, o autor de projectos como “O Ilusionista” e “Lusolândia” é proveniente do bairro Prenda, uma das zonas de Luanda que regista grandes níveis de delinquência. Porém, o artista luta para ajudar a revertar o quadro e nesse sentido está ligado a diversas actividades sociais, tendo destacado o projecto “Crime Zero”, que conta com a intervenção de “alguém que foi muito famoso na cena da bandidagem”, tendo estado preso por sensivelmente 18 anos.

“Agora que saiu, formámos esse projecto e temos estado a fazer ligação com outros bairros, com os Alameda Squad, HDA, Mana Bela, entre outros, para ver se conseguimos mandar a mensagem aos outros, de forma a que a nova geração não siga os mesmos caminhos que muitos deles seguiram”, contou o mestre de cerimónias, que no âmbito dessa iniciativa actua como orador em algumas palestras, para ver se se consegue “transformar a fama que o bairro tem”.

“Mais do que música, o Rap é missão. Se te faz dançar, é só mera coincidência”. Essa é uma das máximas de Luso e razão para que o seu Rap não fique só pelas músicas, mas se reflicta também em acções. “Se eu cantar de emancipação, tenho que também de forma realista trazê-la para o meu bairro. Se cantar de criminalidade, tenho que activamente mostrar à minha comunidade que não é esse o caminho certo. Não basta só eu cantar, é necessário também que com programas sociais e de conversa com a comunidade demosntre que a minha música anda em paralelo com aqueles que são os ideiais que defendo. As pessoas que admiro no Rap têm essa linhagem. Não basta gritar paz e depois fazer guerra quando não estou com o microfone”, argumentou.

Sobre a sua participação no show, o entrevistado revelou que ouve o Mono Stereo praticamente desde que começou a cantar. “Sou fã da caneta dele a 100%. Antes de começar a escrever, tinha que ouvir rappers que me inspirassem a fazer letras da forma que eu queria e um deles é o Mono. E estar hoje num palco a convite dele é sinal de que valeu a pena plantar as sementes lá atrás e hoje estou a colher os frutos daquilo que tenho que feito ao longo desses anos”, expressou, por fim.

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Andrade Lino

Jornalista

Estudante de Língua Portuguesa e Comunicação, amante de artes visuais, música e poesia.

O rapper angolano Luso declarou em Luanda que “o importante é aquilo que se põe no estilo que se está a fazer”, e melhor quando feito com alma, tendo defendido ainda que, se há entrega e se sabe que é uma mais-valia para quem vai ouvir, “no final do dia é o mais importante”.

O artista fez essa afirmação durante o mais recente show de Mono Stereo, no âmbito da turné de apresentação do álbum “Underground Vive”, quando falava do facto de trazer nos seus trabalhos trap, para além de boombap, ambos estilos de produção musical de Rap, mas uma “investida” que não tem sido bem recebida pelos mais conservadores, pelo facto de o trap ser comumente taxado de acarretar conteúdos de consumo imediato.

“Do meu ponto de vista, a jornada está a ser bem entregue e bem recebida por algumas pessoas, pelas mais conservadas nem tanto, porque ainda acham que independentemente da mensagem, a voz não pode estar num instrumental que não seja boombap”, partilhou Luso, refrescando que, no cômputo geral, “consegue-se sentir a aceitação da maior parte das pessoas”, e pensa que no fim do dia o mais importante é isso, “a mensagem estar lá e as pessoas perceberem”.

Para ele, se há uma mensagem para se passar, independentemente de se estar num ambiente “um bocadinho mais dançante ou triste, desde que chegue e toque no coração, é o mais importante, desde que seja Rap e tenha aquela tendência de emancipação e algum cariz intelectual”.

O também compositor, falando ao ONgoma News, questionado sobre que opinião tem dos rappers hoje cada vez menos preocupados com “algum rigor” nas músicas, explicou que antes de ser rapper era ouvinte, e como ouvinte é muito selectivo. “Mas não posso ditar aquilo que vai ser feito pelos outros. Posso seleccionar o que quero ouvir, dizer que é boa música ou má, mas não posso direccionar quem o vai fazer”, observou, embora defenda ser importante, “quando entramos para uma cultura como o Hip-Hop, e mais especificamente o Rap”, ler um bocadinho sobre como começou e como se fazia no princípio, “e felizmente com a internet, hoje em dia todo mundo tem um home studio, qualquer pessoa pode fazer Rap”.

Ainda assim, asseverou a fonte, faz todo sentido continuar a fazer a coisa do jeito que faz, “que ainda acarreta alguma essência”, mas não critica quem faça de forma diferente. “Desde que ele sinta que gosta daquela música, e pode até não se considerar membro da cultura ou ser aceite por quem está por ela, tudo bem, cada um faz a sua cena”, comentou.

Apesar de ter vivido vários anos em Portugal, o autor de projectos como “O Ilusionista” e “Lusolândia” é proveniente do bairro Prenda, uma das zonas de Luanda que regista grandes níveis de delinquência. Porém, o artista luta para ajudar a revertar o quadro e nesse sentido está ligado a diversas actividades sociais, tendo destacado o projecto “Crime Zero”, que conta com a intervenção de “alguém que foi muito famoso na cena da bandidagem”, tendo estado preso por sensivelmente 18 anos.

“Agora que saiu, formámos esse projecto e temos estado a fazer ligação com outros bairros, com os Alameda Squad, HDA, Mana Bela, entre outros, para ver se conseguimos mandar a mensagem aos outros, de forma a que a nova geração não siga os mesmos caminhos que muitos deles seguiram”, contou o mestre de cerimónias, que no âmbito dessa iniciativa actua como orador em algumas palestras, para ver se se consegue “transformar a fama que o bairro tem”.

“Mais do que música, o Rap é missão. Se te faz dançar, é só mera coincidência”. Essa é uma das máximas de Luso e razão para que o seu Rap não fique só pelas músicas, mas se reflicta também em acções. “Se eu cantar de emancipação, tenho que também de forma realista trazê-la para o meu bairro. Se cantar de criminalidade, tenho que activamente mostrar à minha comunidade que não é esse o caminho certo. Não basta só eu cantar, é necessário também que com programas sociais e de conversa com a comunidade demosntre que a minha música anda em paralelo com aqueles que são os ideiais que defendo. As pessoas que admiro no Rap têm essa linhagem. Não basta gritar paz e depois fazer guerra quando não estou com o microfone”, argumentou.

Sobre a sua participação no show, o entrevistado revelou que ouve o Mono Stereo praticamente desde que começou a cantar. “Sou fã da caneta dele a 100%. Antes de começar a escrever, tinha que ouvir rappers que me inspirassem a fazer letras da forma que eu queria e um deles é o Mono. E estar hoje num palco a convite dele é sinal de que valeu a pena plantar as sementes lá atrás e hoje estou a colher os frutos daquilo que tenho que feito ao longo desses anos”, expressou, por fim.

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