Os dias estão muito pesados para carregá-los sozinho; a luta pela sobrevivência é um instinto natural. Sem que percebamos, já estamos a lutar para que não sejamos ceifados pelo vento, mas chega um tempo que as baterias descarregam-se por completo, a esperança nos encoraja a desistir, a sede de viver nos escorrega das mãos, o ânimo são estilhaços que precisam de ser recolhidos e reorganizados para que o coração volte a pulsar. Nessa hora, compreendemos que todos somos humanos e quando não encontramos uma mão amiga, o álcool parece ser um aliado com poderes transcendentais para quem deseja fugir do seu eu.
Não é fácil esquivar-se do litígio entre a realidade e a utopia. Na aflição, qualquer opção é viável. O embate entre o nosso eu é sempre forte e equilibrar-se é uma tarefa exaustiva. Na tentativa de alívio, um cálice convida o outro e enquanto a poeira vai sentando, num piscar de olhos, a embriaguez permite que a lucidez se evapore pelos ouvidos activando os neurotransmissores (hormônios da felicidade). Uma surdez espontânea se apossa de nós e a teimosia vai ganhando território, o momento é propício para vomitar todos os dissabores que afligem a alma, a língua desalgemada solta de forma crua os segredos subterrâneos encravados no âmago.
Bem, nessa batalha, há que vença, uns mergulharam neste campo por longos e dolorosos anos, milagrosamente alguns desafogaram-se ficando apenas as cicatrizes, mas outros vivem angustiados até hoje, acorrentados por este vício que não perdoa sexo, raça ou cor.
Estamos todos de acordo que o alcoolismo é uma doença sem comiseração, além da vulnerabilidade que expõe o organismo é uma das maiores causas de rotura familiar. Lares racham-se e as crianças são os fragmentos que se espalham.
Na aflição, qualquer opção é viável. O embate entre o nosso eu é sempre forte e equilibrar-se é uma tarefa exaustiva. Na tentativa de alívio, um cálice convida o outro e enquanto a poeira vai sentando, num piscar de olhos, a embriaguez permite que a lucidez se evapore...
A família do Sr. António parecia unida, mas as garrafas de Whisky estimularam para que o vulcão entrasse em erupção. Gabo, Sara e Sami, 11, 9 e 7 anos, respectivamente, tentavam descobrir o segredo que aquelas garrafas escondiam, diariamente apreciavam o pai degustando, lentamente, o líquido acastanhado que parecia um chá especial. Na curiosidade, Gabo esperou o momento oportuno, enquanto seus pais estavam "destacados" na lavra (Lwinha), abriu a gaveta e lá estavam as garrafas celadas. Não foi difícil romper as tampas, a divisão não foi equitativa, enquanto Gabo assumiu uma vasilha repartia alguns cálices com Sara e Sami, seus irmãos. Naquele momento, começa uma aventura que mudaria por completo a história da família. Quando os vizinhos se aperceberam, os meninos estavam estendidos no quintal, desnudos e já em um sono profundo...
Os anjos não são apenas aqueles que usam batas brancas. Jony, que fazia moto-táxi, foi interpelado e olhando os meninos se comoveu. Imediatamente, pô-los sobre a carroçaria de sua moto. Vendo-lhes entrar no hospital naquelas condições me emocionei, tocar em seus corpos aparentemente sem vida a alma se entristeceu. Mas a atitude de Jony e dos vizinhos precisavam de ser compensadas. De imediato, seguimos o protoco, hidratação e diurético, mas eles não respondiam, estavam em coma etílico. Monitorizados, sem família, mas tínhamos de intervir, Jony assistia de perto, comovido com a situação, constantemente questionava, «Doutor, eles vão ficar bem?», ao que respondia «Temos fé que sim, Jony!». Mas Foram 24 horas sem resposta, até que Sami acordou desorientado e assustado, olhando para nós preocupado. Depois de algumas horas, despertou a Sara e o último foi o Gabo. De certeza, foi o que mais whisky ingeriu .
«Graças a Deus», congratulávamos! Reavaliados, receberam alta assim que a avó os encontrou.
Essa é uma história que teve um final feliz, mas poderia ser diferente, uma catástrofe! Este é um alerta para todos os pais sobre a necessidade de ganharem a responsabilidade com os seus filhos; há sempre um perigo quando se faz uso de substâncias "impróprias" para crianças diante dos seus olhos. O que as crianças observam, retêm e tem um impacto poderoso sobre elas. Muitos casos de intoxicação alcoólica terminaram em fatalidade. Por outro lado, não é seguro que uma criança se responsabilize por outras crianças, nunca! Construamos o caminho mais perfeito para que as crianças cresçam num ambiente harmonioso, moldados nos princípios do bem, com saúde, alegria e disposição para fazer escolhas acertadas. O futuro começa agora, o que plantamos é o que colhemos.
Os dias estão muito pesados para carregá-los sozinho; a luta pela sobrevivência é um instinto natural. Sem que percebamos, já estamos a lutar para que não sejamos ceifados pelo vento, mas chega um tempo que as baterias descarregam-se por completo, a esperança nos encoraja a desistir, a sede de viver nos escorrega das mãos, o ânimo são estilhaços que precisam de ser recolhidos e reorganizados para que o coração volte a pulsar. Nessa hora, compreendemos que todos somos humanos e quando não encontramos uma mão amiga, o álcool parece ser um aliado com poderes transcendentais para quem deseja fugir do seu eu.
Não é fácil esquivar-se do litígio entre a realidade e a utopia. Na aflição, qualquer opção é viável. O embate entre o nosso eu é sempre forte e equilibrar-se é uma tarefa exaustiva. Na tentativa de alívio, um cálice convida o outro e enquanto a poeira vai sentando, num piscar de olhos, a embriaguez permite que a lucidez se evapore pelos ouvidos activando os neurotransmissores (hormônios da felicidade). Uma surdez espontânea se apossa de nós e a teimosia vai ganhando território, o momento é propício para vomitar todos os dissabores que afligem a alma, a língua desalgemada solta de forma crua os segredos subterrâneos encravados no âmago.
Bem, nessa batalha, há que vença, uns mergulharam neste campo por longos e dolorosos anos, milagrosamente alguns desafogaram-se ficando apenas as cicatrizes, mas outros vivem angustiados até hoje, acorrentados por este vício que não perdoa sexo, raça ou cor.
Estamos todos de acordo que o alcoolismo é uma doença sem comiseração, além da vulnerabilidade que expõe o organismo é uma das maiores causas de rotura familiar. Lares racham-se e as crianças são os fragmentos que se espalham.
Na aflição, qualquer opção é viável. O embate entre o nosso eu é sempre forte e equilibrar-se é uma tarefa exaustiva. Na tentativa de alívio, um cálice convida o outro e enquanto a poeira vai sentando, num piscar de olhos, a embriaguez permite que a lucidez se evapore...
A família do Sr. António parecia unida, mas as garrafas de Whisky estimularam para que o vulcão entrasse em erupção. Gabo, Sara e Sami, 11, 9 e 7 anos, respectivamente, tentavam descobrir o segredo que aquelas garrafas escondiam, diariamente apreciavam o pai degustando, lentamente, o líquido acastanhado que parecia um chá especial. Na curiosidade, Gabo esperou o momento oportuno, enquanto seus pais estavam "destacados" na lavra (Lwinha), abriu a gaveta e lá estavam as garrafas celadas. Não foi difícil romper as tampas, a divisão não foi equitativa, enquanto Gabo assumiu uma vasilha repartia alguns cálices com Sara e Sami, seus irmãos. Naquele momento, começa uma aventura que mudaria por completo a história da família. Quando os vizinhos se aperceberam, os meninos estavam estendidos no quintal, desnudos e já em um sono profundo...
Os anjos não são apenas aqueles que usam batas brancas. Jony, que fazia moto-táxi, foi interpelado e olhando os meninos se comoveu. Imediatamente, pô-los sobre a carroçaria de sua moto. Vendo-lhes entrar no hospital naquelas condições me emocionei, tocar em seus corpos aparentemente sem vida a alma se entristeceu. Mas a atitude de Jony e dos vizinhos precisavam de ser compensadas. De imediato, seguimos o protoco, hidratação e diurético, mas eles não respondiam, estavam em coma etílico. Monitorizados, sem família, mas tínhamos de intervir, Jony assistia de perto, comovido com a situação, constantemente questionava, «Doutor, eles vão ficar bem?», ao que respondia «Temos fé que sim, Jony!». Mas Foram 24 horas sem resposta, até que Sami acordou desorientado e assustado, olhando para nós preocupado. Depois de algumas horas, despertou a Sara e o último foi o Gabo. De certeza, foi o que mais whisky ingeriu .
«Graças a Deus», congratulávamos! Reavaliados, receberam alta assim que a avó os encontrou.
Essa é uma história que teve um final feliz, mas poderia ser diferente, uma catástrofe! Este é um alerta para todos os pais sobre a necessidade de ganharem a responsabilidade com os seus filhos; há sempre um perigo quando se faz uso de substâncias "impróprias" para crianças diante dos seus olhos. O que as crianças observam, retêm e tem um impacto poderoso sobre elas. Muitos casos de intoxicação alcoólica terminaram em fatalidade. Por outro lado, não é seguro que uma criança se responsabilize por outras crianças, nunca! Construamos o caminho mais perfeito para que as crianças cresçam num ambiente harmonioso, moldados nos princípios do bem, com saúde, alegria e disposição para fazer escolhas acertadas. O futuro começa agora, o que plantamos é o que colhemos.